ONG E GOVERNANÇA AMBIENTAL NA AMAZÔNIA: estratégias de territorialização do povo da floresta

Publicação atualizada por Francisco Fernandes

O livro “ONG e Governança Ambiental na Amazônia: Estratégias de Territorialização do Povo da Floresta” de Antônio de Pádua Brasil (líder do Grupo de Pesquisa PLANGEA), publicado em 2015, oferece uma análise profunda sobre o processo de governança ambiental na Amazônia e o papel das organizações não governamentais (ONGs) neste cenário. A obra, que se originou de uma dissertação de mestrado defendida na Universidade Católica de Brasília, apresenta uma perspectiva crítica sobre os conflitos socioambientais e as estratégias de resistência das comunidades locais diante da exploração do território amazônico. A pesquisa se concentra especialmente no município de Gurupá, no estado do Pará, e discute como as populações locais, muitas vezes marginalizadas, se organizam politicamente para resistir às pressões externas.

Antônio de Pádua Brasil revela como a criação de reservas ambientais e as ações das ONGs, como a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), têm sido fundamentais para proteger a região e garantir a permanência das populações tradicionais na floresta. O autor também aborda o impacto da criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) em Gurupá, que é uma das primeiras iniciativas de preservação ambiental nesse contexto, e analisa as implicações dessas ações no fortalecimento da identidade e autonomia dos povos da floresta.

O livro propõe uma reflexão crítica sobre a intervenção de ONGs e outras organizações no processo de desenvolvimento sustentável, que muitas vezes se apresenta como uma alternativa ao modelo de exploração econômica que historicamente tem marcado a região. A obra destaca as contradições entre os interesses conservacionistas e os interesses de grandes empreendimentos agroindustriais, madeireiros e mineradores, que buscam expandir suas atividades na Amazônia devido aos recursos naturais abundantes e aos baixos custos de produção.

A análise do autor também se estende às políticas públicas e às relações de poder na região, especialmente no contexto da ditadura militar, quando a geopolítica e a “segurança nacional” foram utilizadas como justificativa para a ocupação da Amazônia. O autor critica as práticas autoritárias do governo, que desconsideraram as necessidades e os direitos das populações locais em nome do desenvolvimento econômico e da integração da região ao restante do país. Nesse sentido, a obra traça um paralelo entre o crescimento econômico e os impactos ambientais causados por esse processo.

Por fim, “ONG e Governança Ambiental na Amazônia” não apenas apresenta um estudo sobre os desafios ambientais enfrentados pela região, mas também destaca a importância da luta dos povos da Amazônia por seus direitos territoriais e pela preservação do meio ambiente. O livro é uma contribuição valiosa para quem deseja compreender as dinâmicas de poder e resistência que moldam a Amazônia e os esforços para garantir a sustentabilidade ambiental e a justiça social na região.

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