Área de Estudo: cidade de Barcarena, PA
Deste a década de 1970 vem-se consolidando um modelo de desenvolvimento socioeconômico na região amazônica, pautado na exploração dos recursos naturais, sem considerar as particularidades dos povos tradicionais que habitam a região (NASCIMENTO; HAZEU, 2015). Imerso nessa lógica, o município de Barcarena situado na mesorregião do Baixo Tocantins e pertencente ao nordeste paraense, tem o seu processo de industrialização inaugurado na década de 1980 devido a construção do polo industrial da Albrás/Alunorte, uma iniciativa proveniente da associação de interesses econômicos entre Brasil e Japão, que contou com o apoio do Governo Estadual, da prefeitura municipal de Barcarena, junto a uma estrutura jurídica que fomentou os pilares legais que permitiram a exploração na região (ANGELO, 2018). Contudo, para que ocorresse a instalação do polo industrial foi necessária a realização de uma série de obras estruturais que viessem a subsidiar as condições exigidas, frente a isso, foi construída a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, o Porto de Vila do Conde para atender as demandas de escoamento da produção de alumínio e receber o minério de bauxita, matéria prima para a produção de alumínio, procedente do município de Oriximiná-PA e a abertura e melhoria de várias vias, a fim de melhor o escoamento da produção (ANUÁRIO, PORTOS, 2005). O complexo Albrás/Alunorte responsável pelo processamento da bauxita em alumínio, a justificativa para sua implementação deriva de uma necessidade em se atender demandas externas, contudo, as comunidades locais e suas dinâmicas socioespaciais foram inteiramente negligenciadas e continuam a ser, tendo em vista que, atualmente além da Albrás/Alunorte, também encontram-se instaladas a Pará Pigmentos S/A (PPSA) e a Imerys Rio Capim Caulim (IRCC), duas fabricas de beneficiamento de caulim, que vem contribuindo para intensificação dos impactos socioambientais na região, devido a utilização dos rios, córregos e igarapés de Barcarena, como área de dispersão dos efluentes das fabricas, que contem metais pesados, como a bauxita, o caulim, dentre outros (SILVA, 2012). Nesse viés, as populações locais, que residem nas áreas adjacentes aos parques industriais tiveram as suas práticas socioculturais, economia e qualidade de vida, modificada em sua totalidade. A pesca, caracterizada como uma atividade central de subsistência e fonte de renda econômica para população local, após a instalação das indústrias e início dos processos de exploração, passa a ser constantemente impossibilitada, devido a ocorrência de graves desastres ambientais como: o vazamento de óleo combustível, o extravasamento de bacias de rejeitos de lama vermelha e o vazamento de rejeito de caulim, que tornaram a se repedir com relativa constância ao longo dos últimos 20 anos, dentre os quais o vazamento de rejeitos de caulim, apresentam as maiores reincidências, tendo ocorrido um total de sete episódios de 2004 até 2016 (BARBOSA, 2018). Os impactos ambientais devido estes episódios promoveram a contaminação da água por metais pesados, ao ponto de serem consideradas improprias para o consumo humano (MEDEIROS; LIMA; GUIMARÃES, 2016). Assim, a presente proposta de pesquisa traz como delimitação temática o estudo acerca dos impactos decorrentes de envolvendo grandes empreendimentos de mineração na Amazônia e, tem como proposta central de investigação, a conotação da população local sobre sua condição de vulnerabilidade aos riscos tecnológicos atrelados ao histórico de sucessivos episódios de vazamentos de caulim, ocorridos entre os anos de 2004 e 2016, provenientes de falhas no mineroduto e nas bacias de rejeitos de caulim da empresa Imerys Rio Capim Caulim, com enfoque especial sobre a Vila do Conde – uma comunidade costeira da Amazônia Brasileira e o Bairro Industrial, ambos localizados no interior do município de Barcarena-PA.